segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Promessa é dívida

Tínhamos uma promessa para com os guris: quando voltássemos do Brasil iríamos comprar um cachorro.

Eles já estavam a tempo me conversando para que arrumássemos um "pet", mas com a viagem ao Brasil já programada achamos melhor esperar mais um pouco.

Chegando aqui de volta eles imediatamente lembraram da promessa.
O Gabriel queria inclusive pesquisar nas Pet Shop no dia em que chegamos.
Imaginem só, depois de 34 horas viajando e "confuso" horário de 11 horas de diferença, chegamos as 3 da tarde em casa, com oito malas prá abrir e ainda ter que sair para procurar cachorro...

Mas tudo bem, na quinta-feira fomos até o shopping no final da tarde e demos um pesquisada, mas não havia nenhum "totó" dentro do que estávamos procurando.

Queríamos um cachorro que fosse de pequeno ou médio porte. Eu sugeri um Jack Russel e o Gabriel comentou sobre um Beagle.

No sábado pela manhã novamente fomos pesquisar as pet shops.
Foi quando encontramos uma repleta de filhotes prá todos os gostos.

E lá estava "ela". Uma filhote de Beagle com 7 semanas e cara de "me leva prá casa".
Depois que a atendente da pet shop deu ela para a Carla e o Gabriel segurarem, não teve como escapar.

Estava escolhida a mais nova integrante da família: a Cindy.
Como não podia deixar de ser, tivemos que fazer um pequeno rancho de apetrechos para que nosso "puppy" pudesse chegar em casa com toda a infra-estrutura necessária.

Além disso tive que assinar toda a documentação de transferência dela para o meu nome, juntamente com o registro do microchip.
Feitas todas as recomendações, recebi uma pasta com todo o registro dela, incluindo calendário de vacinas, medicação para vermes, vouchers para veterinário, etc.

Ela se adaptou rápido a nossa rotina e até ajuda em casa frequentemente.
Já "podou" a folhagem da Carla, ajuda a levar tapetes de um lado para outro, esconde sapatos e outros objetos que encontra pelo chão, e por aí vai...

Estamos agora na fase de treinar a ida ao banheiro. Algumas vezes ela faz as "necessidades" no quintal, mas algumas vezes ainda temos que limpar poçinhas dentro de casa.

A casa agora está mais cheia e ela recebe muita atenção.
Aliás, eu queria comentar de como os Ozzies são muito cachorrentos. Até mães de colegas dos guris já vieram aqui em casa para ver a Cindy.

O próximo passo agora é fazer o registro dela na prefeitura. E tem que pagar uma taxa anual para ter cachorro.
Até nisto a gente está reaprendendo.

Não se deixem enganar por esta carinha de carente...


Depois de fazer arte, hora de ir prá cama com o "maninho"



Aniver da Carla
No sábado passado a Carla (depois que algumas amigas se convidaram rsrsrs) resolveu fazer uma festinha para comemorar o aniver.
Além dos amigos brasileiros também vieram a Alysson (chefa da Carla) e a Nazari (colega dela).


Happy Birthday Carla!!!


quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O Sapo, o Circo e a Saudade

Dizem que se pegarmos um sapo e o colocarmos numa panela de água fervendo ele vai pular fora imediatamente para salvar a pele, mas que se o colocarmos numa panela com água fria, e esquentarmos lentamente, o sapo vai morrer cozido sem se dar conta do que aconteceu.

Se isto é fato ou não, vou deixar para o meio científico atestar, mas é uma analogia que achei interessante para comentar o que acontece com os seres humanos durante suas vidas.

Aos poucos vamos nos acostumando com as coisas que ocorrem ao nosso redor, achando algumas vezes que as coisas estão mudando, mas sem a exata dimensão de onde esta mudança está nos levando.

Muita gente nem se dá conta, e vai levando a vida, um dia depois do outro sem maiores preocupações, e tentando dar um jeitinho de sobreviver na "água fervendo".

Outros conseguem ver que a "água está esquentando" e reclamam, mas são incapazes de "desligar o fogo" e vêem a situação piorar sem ter muito o que fazer.

Alguns outros ainda, inconformados, mudam-se prá Austrália... rsrsrs

Brincadeiras a parte, eu gostaria de comentar um pouco do que sentimos em nosso retorno de férias ao Brasil, após quase dois anos morando aqui na Austrália.

Estávamos curiosos para saber qual seria nossa reação neste reencontro com o país e, apesar de tudo, a gente vai com uma pontinha de esperança de que as coisas tenham mudado prá melhor.

Não sei se é por estar fora algum tempo e desacostumado da rotina no Brasil, ou se é porque algumas coisas "esquentaram" ainda mais por lá. Ou ainda talvez uma mistura das duas coisas, mas o fato é que algumas coisas nos chamaram a atenção, e infelizmente não foi para melhor.

Para quem está acostumado com motoristas que dão sinal até para estacionar no shopping, encarar o trânsito brasileiro novamente foi um grande desafio. Parece que todos no trânsito estão ali para competir pelo espaço e ninguém faz questão de ser gentil ou educado com os outros motoristas. Respeito à sinalização e regras de trânsito então, nem se fala.

Ficamos também impressionados com a quantidade de gente se esbarrando pelas ruas, bem como a quantidade de lojas populares proliferando por todos os lugares por onde passamos.

Na TV as mesmas mazelas sobre corrupção, escândalos e falcatruas (mas ninguém sabe e ninguém viu, e tudo acaba em pizza), e ainda uma onda de reality shows repletos de baixarias e "mulheres-hortifruti" (melão, melancia, moranguinho, pera, samambaia...) suficientes prá fazer uma feira completa.

Ruas e estradas continuam ruins, especialmente em Montenegro, onde comentar sobre isto é sempre tema de piada. Aliás, como tantas outras, mais uma grande piada de mau gosto com o dinheiro do contribuinte brasileiro.

Carros de som, catadores de lixo, cachorros de rua, pedintes. Tudo isto a gente sabe que existe no Brasil, mas ficamos tristes em reencontrar estas coisas novamente.

Mas o brasileiro é um povo cheio de esperanças e a ida às urnas renova as expectativas de um futuro melhor.

Coincidentemente, durante nossa visita tivemos que votar pois ainda não solicitamos a transferência do título de eleitor.

Chegamos uma semana antes da eleição e pegamos um pouco da campanha. Um verdadeiro Circo, em todos os sentidos. As mesmas promessas, os mesmos bate-boca de sempre e a mesma desilusão dos eleitores, tentando encontrar o candidato "menos ruim" para votar.

A grande novidade das eleições deste ano é que realmente conseguiram colocar um palhaço profissional como dono do circo.

Na segunda-feira após a eleição, eu estava no escritório de um amigo e comentávamos sobre o a curiosa, e aparentemente ridícula, eleiçao do Tiririca.
Foi quando uma mulher que estava aguardando no balcão falou: "a gente vota nestes caras que são doutores, cheios de estudo e tudo mais, daí quando são eleitos roubam e não fazem coisa nenhuma. Quem sabe se o Tiririca não vai ser um político melhor".

Pois é, a voz do povo é a voz de Deus, e os eleitores, alguns por protesto, outros para fazer piada, e outros com uma ponta de esperança, transformaram o Tiririca em um fenômeno das urnas.
O caso ficou tão famoso que a notícia foi publicada mundo afora, incluindo jornais aqui em Perth.

Mas independente de tudo isto, nossa viagem ao Brasil foi muito legal.
Apesar do curto espaço de tempo e da "agenda" cheia de compromissos, foi muito bom reencontrar a família, velhos amigos e lugares familiares para matar a saudade.

Nós estávamos lá de férias e sabíamos que as pessoas estariam trabalhando e tinham seus compromissos, mas queremos agradecer a todos os que encontraram - mesmo que por alguns minutos - um tempo para podermos matar a vontade de reencontrar os amigos.

Queríamos muito contar um pouco de como anda nossa vida depois da mudança e compartilhar as coisas legais que encontramos por aqui.

Depois destas nossas férias-maratona, revisitando o Brasil, ficamos mais convencidos de que a opção de migrar para a Austrália foi realmente boa para nós.
Como comentei com amigos, não existe o certo ou errado ao tomar uma decisão como esta. Tudo vai depender dos objetivos de vida de cada um e das expectativas em relação ao que cada pessoa quer para o seu futuro.

Tenho certeza que o Brasil é um país maravilhoso, de uma beleza e diversidade fantásticas, com um povo trabalhador e criativo e recursos naturais para torná-lo um país rico.
Mas isto vai exigir uma mudança cultural do povo brasileiro, e isto não se faz por decreto e não acontece de um dia para o outro. Somente com muito investimento em educação é que vai se mudar este quadro e serão necessárias algumas gerações para que isto aconteça. Mas quando chegar este momento, o Brasil terá potencial para estar entre os primeiros no mundo.

Bom, foram 33 horas para ir, 15 dias no Brasil e 35 horas para voltar.
Pouco tempo no Brasil, mas o suficiante para rever a turma e ficar com aquele gostinho de "quero mais".

Chegamos em casa na terça-feira a tarde - horário da Austrália - e na quarta-feira já voltamos à rotina novamente.

Não sabemos ainda quando será nossa próxima viagem ao Brasil, mas todos os convites que fizemos aos amigos para virem nos visitar estão valendo.

É só avisar que já colocamos mais água no feijão...
:-)