quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Aventuras de uma Família Montenegrina na Austrália

Já que deu algum trabalho para escrever, aproveito para postar o texto abaixo, elaborado para a revista da minha irmã (http://www.diversa.art.br/) em matéria que foi publicada na edição de dezembro/2009.


Aventuras de uma Família Montenegrina na Austrália

Certamente todo mundo já ouviu falar sobre a Austrália.

É um lugar fascinante e sua situação geográfica, um país continental, separado pelo mar de outros continentes, fez com que esta terra desenvolvesse uma fauna a flora diversa e peculiar.

Muitos dos animais que habitam a Austrália só são encontrados aqui, tendo como exemplo mais comum o Canguru, um dos seus símbolos mais conhecidos.

A Austrália também é um país de extremos. Praias paradisíacas, vastos desertos e florestas tropicais comparáveis à Amazônia, coisa que provavelmente pouca gente tem conhecimento.

O país também é um lugar de oportunidades. Com um território pouco menor que o Brasil e cerca de 10% do número de habitantes que o Brasil possui, a Austrália dispõe de um programa de imigração para atrair pessoas para contribuir no crescimento da população e suprir a demanda por mão de obra, crescente mesmo em tempos de crise como agora.

Para dar uma idéia da demanda por gente para trabalhar, é muito comum ver a gurizada na faixa dos 15 anos já trabalhando algumas horas por dia, fora do horário da escola conforme permite a lei.

Da mesma forma os mais veteranos, acima dos 50 ou 60, podem ser encontrados com frequencia em diversas atividades, como caixas de supermercado, atendendo em lojas ou mesmo gerenciando setores de empresas.

O Outro Lado da Austrália

Mas quando se fala de Austrália, as primeiras cidades que vem à mente são Sydney, Melbourne e Adelaide. Eventualmente alguém pode lembrar de Canberra, a capital do país, e mais recentemente Darwin recebeu alguma atenção com o advento do filme “Austrália”.

Com exceção de Canberra, todas as capitais são cidades litorâneas, onde está concentrada a maior parte da população dos oito estados do país.

Um estado pouco conhecido é Western Australia, que como o nome já diz, fica no lado oeste da ilha.

A economia de WA é baseada em extração e exportação de minério de ferro, ouro e gás natural, além da produção e comérico de trigo.

A capital Perth é considerada a metrópole mais isolada do mundo. A metrópole mais próxima é Adelaide a mais de 2.700Km de distância.

Perth é conhecida na Austrália como Cidade Luz, pois quando John Glenn orbitava a Terra no meio da madrugada, a cidade em peso acendeu as luzes para que Perth fosse vista do espaço.

A população atual beira um milhão e seiscentos mil habitantes, sendo a quarta maior cidade australiana.

A cidade ocupa a posição 5 no ranking mundial das cidades com melhor qualidade de vida, segundo a agência de pesquisas The Economist Intelligence, e o 21 lugar segundo a agência Mercer. É uma cidade jovem (fundada em 1829), sendo a população bastante hospitaleira, principalmente com estrangeiros e visitantes.

O povo daqui é muito receptivo e a diversidade de culturas é impressionante. Western Australia é o estado com maior percentual de imigrantes em relação aos australianos genuinamente nascidos.

É comum ver muitos rostos diferentes - chineses, vietnamitas, malasianos, indianos, europeus, africanos – e não é raro ver mulheres vestindo burcas e homens de turbante.

É curioso estar no supermercado e escutar diversos sotaques e idiomas diferentes também.

Existem muitas opções de lazer, desde obviamente as praias até o Swan River, que corta a cidade trazendo uma paisagem belíssima de se apreciar, e ainda infindáveis parques onde o pessoal aproveita para fazer picnics nos finais de semana.

Dá para se dizer que, apesar de ser uma cidade grande e com todas as facilidades de uma metrópole, Perth tem um clima de cidade do interior, sem muita correria e bastante segura.

Prédios de apartamentos só existem próximos ao centro da cidade e as casas, em sua maioria, não tem muros ou grades.

Nossa Experiência

Chegamos aqui em Janeiro deste ano, depois de aguardar cerca de dois anos para obter o visto de residente permanente, que chegou em Dezembro do ano passado.

Depois de muita pesquisa durante o tempo que aguardávamos o visto, decidimos por Perth exatamente por ser mais tranquila e por estar em um estado em pleno desenvolvimento.

Achamos que uma cidade muito grande como Sydney ou Melbourne seria uma mudança muito radical para esta turma aqui saída da calma de Montenegro.

Os primeiros dias foram complicados, atordoados pelo fuso horário de 11 horas e muitas novidades para absorver. Diferentes costumes, outro idioma, dirigir na contramão, alugar casa, comprar carro, móveis, preencher documentação, matricular os guris na escola e por aí vai.

Foi um sufoco, mas acho que no final passamos com "louvor", afinal de contas tentamos nos preparar para que o processo fosse o mais tranquilo possível.

Aos poucos vamos entrando na rotina e virando um pouco australianos, mas não perdemos o contato com as coisas da nossa terra. Já sabemos como pedir picanha no açougue e encontramos até onde comprar aipim, farinha, erva mate, goiabada, pão de queijo da Yoki e bombons Garoto.

De vez em quando bate a saudade da família e dos amigos, que é amenizada com a tecnologia e todos os dias temos contato com alguém no Brasil via "MSNs" e "Skypes" da vida, seja teclando ou até mesmo com vídeo ao vivo.

Além disso mantemos um blog (http://rcmuller.blogspot.com) com os relatos do nosso dia-a-dia para que os amigos possam saber como andam as coisas por aqui.

De qualquer forma, no ano que vem pretendemos ir ao Brasil para matar a saudade e rever a família e os amigos.

Felizmente hoje estamos bem tranquilos, já trabalhando e com os guris indo muito bem na escola.

Tudo o que esperávamos acabamos por encontrar aqui.

Podemos dizer que conseguimos transformar um sonho em realidade.

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