terça-feira, 8 de junho de 2010

Fui Enganado

Quando começaram a ficar mais comuns há alguns anos atrás os restaurantes chineses no Brasil, eu fiquei meio desconfiado com o tipo de cardápio que seria servido.
Quem me conhece diz que sou meio chato prá comer. Na verdade (e na minha opinião) sou até bem "básico" neste ponto. Alguma carne, arroz, massa, lasanha, pizza e alguma fritura de preferência, já me deixam satisfeito.
Apesar da insistência de algumas amigas nutricionistas e vegetarianas prá me convencer do contrário, não sou nenhum pouco fã de vegetais. Como diria o gato Garfield: "você é o que você come" eh eh eh

Mas voltando ao restaurante chinês, quando abriram lá em Montenegro o China Tchê e me recomendaram dizendo que era muito bom, fui lá conferir. Mas com o pé atrás...

Para minha satisfação, tinha frango ao molho xadrez, porco ao molho acridoce, peixe empanado, arroz (óbvio) e até batatinha sorriso. E claro, algumas saladas que a Carla adorava.

Ficamos fregueses e íamos pelo menos uma vez por semana almoçar lá.
É claro que eu imaginava que um restaurante típico chinês não seria 100% igual.

Só o que eu não sabia é que um restaurante típico chinês seria 0% igual. Resumindo: fui enganado.

Isto porque que no último domingo fomos a um destes restaurantes, a convite da empresa onde a Carla trabalha, para uma comemoração entre os funcionários - dentre os, quais diga-se de passagem, estão muitos chineses.

Lá fui eu outra vez com o pé atrás, mas outra vez disposto a ver como é que era e na expectativa de encontrar algum daqueles porquinhos ou peixe empanados. Isto mais um arrozinho básico já daria prá salvar a noite.

Chegando lá, por volta de 7 da noite, sentamos numa mesa com duas australianas e alguns (adivinha!) chineses.

Na mesa tinham alguns pratinhos esquisitos e os tradicionais palitinhos (ou pauzinhos para aqueles que preferem chamar deste jeito).
Ainda no meio da mesa, dois mini fogareiros que só estavam servindo naquela hora prá aumentar o mistério.
No fundo do restaurante dava prá ver um buffet enorme.

Aí nos passaram o cardápio, de uma página somente, escrito metade em inglês e metade em (adivinhem!) chinês, é claro.

A unica coisa que dava prá entender é que o cardápio falava em "seis opções de sopas base".

Abandonamos qualquer tentativa de escolher algo e deixamos os chineses escolherem.
Àquelas alturas eu só pensava em achar o porquinho e o arroz. "Lá na mesa do buffet vai ter", pensava eu em minha santa ingenuidade.

Nesta altura chega o garçom, acende os fogareiros e larga dois panelões com a tal "sopa base" em cima.
Em seguida a turma começa a se dirigir ao buffet. Eu e a Carla seguimos o fluxo.

Era o momento da verdade e as coisas começaram a ficar terríveis para o nosso lado. Mas com muito mais gravidade para o meu lado.

Na mesa do buffet, um monte de coisas estranhas e cruas.
A coisa mais reconhecível foram alguns cubinhos de queijo assado e eu peguei três. A Carla foi catando algumas coisas aqui e ali, mas também sem ter muita noção do que eram.
Íamos tentando seguir o que os outros faziam.

Depois de passar por todo o buffet, meu prato só tinha os tais cubinhos de queijo assado.
Resolvi deixar o prato de lado, pois era óbivo que depois de todas aquelas coisas diferentes, o que
"parecia" queijo assado não iria "ser" queijo assado.

Peguei uma cerveja e voltamos prá mesa. Seguindo o fluxo.

Aí veio o segundo momento de revelação da noite.

A tal "sopa", já borbulhando no meio da mesa, servia para cozinhar aquilo que se pega no buffet.
No melhor estilo comunitário, todo mundo coloca na sopa o que pegou no buffet e espera ficar cozido.
Uma vez "no ponto" o pessoal sai pescando sua comida no sopão, coloca em umas cumbuquinhas e come de palitinho (ou pauzinho, que seja...).

Um dos chineses que estavam conosco na mesa comentou que aquela era a tradicional comida familiar chinesa.

Enquanto isto as pessoas me perguntavam se eu não iria comer nada, e eu, agradecendo, dizia que estava tudo bem. Afinal de contas cerveja tem muitas propriedades nutritivas.

A Carla "pescou" algumas coisas na sopa e foi tentando um pouco de cada. Algumas agradavam, enquanto outras, só pela cara dela já dava prá imaginar que não tinham sido aprovadas.
Ah, ela inclusive também pegou alguns daqueles "queijos assados", que no final das contas eram alguma coisa com gosto de peixe.

Enquanto isto, a comilança rolava solta.
Quando a sopa acabava, o pessoal pedia mais e ia ao buffet novamente.
Botava prá cozinhar e começava a temporada de pesca outra vez, em ciclos que pareciam intermináveis.

Busquei mais uma cerveja enquanto o pessoal tirava bilhões de fotos, com inúmeras máquinas fotográficas que pareciam se multiplicar como porquinhos da Índia.

E a coisa foi assim até que resolvemos tirar o time de campo lá por volta de 9 e meia.

Brincadeiras a parte, valeu a experiência e foi realmente interessante para conhecer um pouco mais de uma cultura que é completamente diferente da nossa.

Coisa que a gente precisa entender e respeitar.

Só não precisa comer se não estiver a fim...
:-)


3 comentários:

Franklin Dattein disse...

Oi Roberto,
estou indo pra Sydney dia de 15 de Julho, pra morar e há algum tempo tenho acompanhado tudo que posso sobre a Australia, incluindo teu blog.
Ontem eu estava lendo um post e comecei a notar algumas semelhanças, como ser de Montenegro e sobrenome Muller.
Minha família é de Montenegro também e semana passada minha tia me falou sobre "o irmâo do meu primo" que também estava na Australia.
Pois então, acredito que você seja irmão por parte de pai do meu primo Lucas.
Deixo aqui o meu contato e um abraço.
Franklin
franklin@dattein.com

Joice Kreiss disse...

É isso aí, Beto, não é fácil viver sem nosso feijão e arroz de todo dia, né? Hj fui na Print fazer uma encadernação e vi um banner com modelos de cartões. Lá no meio, uma carinha conhecida, do Rica, com 10 anos, ou menos, sei lá. Bateu uma saudade de vcs. Parece que foi ontem, mas já faz tempo que a gente não vê essa gurizada.Abração, e boas aventuras. Joice

Veridiana disse...

Oi, você não me conhece... Moro em Maratá e estou procurando algumas informações sobre a Austrália para um trabalho de escola. Temos que apresentar para todas as turmas do colégio a história, falar da economia, língua, etnias, cultura, religião, moeda, esportes...vamos fazer até comidas típicas dos países selecionados, no caso do meu grupo, Austrália e Gana. Enfim, pretendo acrescentar uma entrevista ou algo do tipo e espero poder contar com a sua ajuda. Se puder colaborar, agradeço.
mande um e-mail: veridiana_erig@hotmail.com
Veridiana E. Erig